quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Anuncio


Cinzento está o rio, numa calma perturbadora
E aqui no cais da pedra, pequenas ondas molham
de frio o porto de partida d’outrora.

Desajeitadas as gaivotas passeiam-se pela praça pintada
de um amarelo quase triste.

É assim a minha cidade, sempre que
Alguém anuncia uma partida.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Deus

Deus, Deus na pessoa de Jesus, são a minha certeza mais inabalavel. A minha vida é inefavelmente sustida por esta absoluta certeza: a da sua existencia e do seu imenso amor e cuidado por mim e pela minha vida. eles moram (habitam) em mim, vivo enamorado. descobri que esta palavra enamorar só pode vir da palavra morar, ou seja, desejar habitar alguém, desejar (inamorar) que a nossa vida seja também espaço de alguém.
tive imensa necessidade de escrever sobre isto...

tenho escrito, um manifesto de amor para Ele. ainda está confuso e eu quero-o claro como Ele é.
anda a ser escrito e vivido. um dia destes vem para aqui. Obrigado Senhor! (Senhor, não porque manda na minha vida, mas porque a inunda do Seu amor)

terça-feira, fevereiro 14, 2006

porque hoje é S. Valentim

A propósito de amor e de amor à distancia

recebi este proverbio:
A distancia é para o amor como o vento para o fogo, atiça o grande e apaga o pequenino! (o melhor de tudo nao é o proverbio, mas quem o mandou...)
No dia de hoje e nos outros este vai ser o meu consolo

lições de italiano, uma lição de cinema


Italiano para principiantes, é dirigido por uma mulher e dinamarquesa.O filme foi bem sucedido, tendo merecido aplausos em diversos países, esteve no limite de receber o Óscar para o melhor filme estrangeiro.
Com a câmara ao ombro, a rede dos cruzamentos entre as diversas personagens é narrada. Uma comunidade pequena, numa cidade. É aqui um novo Pastor chega. Este será o factor aglutinante, e as classes do italiano o espaço ideal para o encontro daqueles seres solitários, duvidosos, que carregam cada um com seu problema: mortes recentes, pais abusadores, droga, impotência sexual, solidão, abandono, falta da fé. Tudo é posto ao serviço da realizadora para mostrar a miséria dos homens, o repulsivo das situações, dos habitos solitários, da ternura e do amor. O filme é um trabalho delicado que mostra com humor elaborado as relações difíceis entre pais e filhos, entre os homens e as mulheres unidos pelas classes do italiano, que contribui para os “soltar”, tornando-se num passaporte para o passional. E essa paixão vai-se subtilmente incorporando suas vidas. As classes são o lugar da experimentação e da aprendizagem de suas necessidades e possibilidades.
Não é ligeiro nem pretende ser uma comédia transcendente. O amor, a morte assentam numa certa melancolia, determinam uma historia em que todos as personagens se transformam, em que até o mais desagradável torna-se apreciável.
Filmado a uma extensão grande com planos médios, a câmara móvel, com o retrato típico posto um tanto fora do centro, a narrativa explora a privacidade dos personagens.
A realizadora passa um exame dificil, tira a melhor vantagem dos poucos recursos económicos, com pouco cenário, com poucos actores - excelentes - numa narrativa que é um compromisso entre a tristeza e a felicidade.

inspirador


Memorável, este fim-de-semana. Lugar, uma casa em Sintra no meio de um pinhal. De grandes paredes com grandes quadros – lindos – de um jovem artista. Lauto Jantar. Um ecrã gigante. Um primeiro filme “Os amigos de Alex”. Vinho do Porto, Cigarros. Alguns dos participantes, abandonam a sala. Segundo filme, “Italiano para Principiante”s, urso de prata no festival de Berlim: vejam, aluguem, deliciem-se, vale mesmo a pena. Dois participantes abandonam a sala. Ficamos 3. Terceiro filme “Dolce Vita” do Fellini, não me lembro fui adormecendo entre um desfilar de mulheres bonitas que passeavam pela tela. Mulheres de outros tempos, portadoras de um glamour – hoje inexistente – de um glamour fatal. Este fica para outro dia. Um estupendo sábado à noite

sábado, fevereiro 11, 2006

Estranhos hábitos

homem nu, Rodin

Em resposta ao repto lançado pela Maffa, aqui vão os meus 5 hábitos mais estranhos. Foi difícil escolher de entre tantos outros...

1. Fazer listas de tudo
É horrível, acho que é algo que toca a loucura, faço listas de tudo: do que tenho, do que não tenho e gostaria de ter, do que uma cozinha precisa de ter, das minhas tarefas do dia, com horários específicos para cada coisa em que contemplo minutos para fumar etc., de livros que tenho e gostaria de ter. Quando estou fora faço listas de sítios a que tenho de ir quando voltar a Lisboa. Dos convidados para o meu suposto casamento, de presentes que quero ter, enfim … de amigos, de quantias de dinheiro que vou dar e a quem quando me sair o euromilhões. Cansa.

2. Na casa de banho
Quando penso em ir a casa de banho – em casa – vou-me libertando de todas as peças de roupa pelo caminho, até ficar só de T-shirt… (há mais gente assim, graças a Deus)

3. Ter a roupa arrumada por cores

4. Pôr Água-de-Colónia antes de ir para a cama
Ponho sempre água-de-colónia antes de ir para a cama e há dias, em que vou mais cedo para a cama em que ponho um bocadinho da agua de colónia da minha mãe no pulso para me lembrar dela. “rive gauche” do YSL.

5. De tomar banho na praia sem fato de banho
O que não é um hábito, porque praia só no verão e porque quase nunca dá porque as praias estão cheias e estamos acompanhados. É preciso azar.

A minha voz... uma anedota

A minha voz, dá azo a muita confusão, bem sei que é a que tenho, mas quando fico rouco – o que raramente acontece - tange-me ao de leve a pequena alegria de ficar para sempre assim: um Boggart.
Mas não.
Quando falam lá para o colégio é ‘Ó menina carminho, é só para dizer que...’; ‘Carmito...?’, respondo ‘não, Paulo’. Outros mais à vontade: ‘é a Carmito ou o Paulo? Bem será que é a Carmito que tem voz de homem ou eu de mulher?
Hoje.
Telefono para o talho a encomendar dois rolos de carne com farinheira. O sr. do talho, que é ESTUPIDAMENTE simpático e DEMASIADAMENTE prestável, ‘então o que vai ser? Contente com os rolinhos do outro dia? Estava tudo bom? O cliente pede, nós fazemos tudo...’ este senhor do talho, acaba a conversa assim, ‘então minha senhora a encomendazinha fica em nome de quem?’. Aflito, olho para a Nini que trabalha comigo - e só me vem o nome dela à cabeça - e respondo ‘Ana Manoel’, ‘O.K minha senhora, então, até amanhã’ responde-me aquela perna de borrego.
E eu sentido-me horrivelmente respondo, ‘quem vai buscar é o meu marido ou um dos meus filhos’ não vá ele amanhã dar pela confusão...
“francatóriamente” *

*expressão usada pelo Lobo Antunes

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

acontece perder dinheiro


o pressentimento não era o melhor. a companhia sim. embarquei. e por entre uma paisagem bonita, naveguei. cheguei ao fim... consegui suster o vómito. não vão! é mauzote!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006


Há 10 anos:
- Morria a minha mãe e a vida deixaria para sempre de ser o que foi. Isto é a certeza de ser ABSOLUTAMENTE amado, findava...
- Vivia a vida a fazer bem aos outros – à noite nos sem abrigo, no M.S.V., noutro grupo de oração, no grupo de Setúbal – e isto fazia-me bem!
- Fui ao primeiro grande casamento da minha vida, pelo qual todos os demais se pautam, o da Maria Fernandes Thomás, vestia um fraque pela primeira vez. E fico com muita pinta sempre que o visto!
- Apaixonava-me por alguém de quem sou hoje muito amigo.
- Ouvia fado com o meu amigo Felipe, bebia Whisky e vinho do Porto e vivíamos um tempo tão especial – com muita poesia pelo meio - de amizade que ainda hoje perdura e no qual quando as coisas não estão bem, me refugio.

Há 5 anos:
- Começava namoro com a Minha Ana e a minha vida – sentia – mudava para melhor. Aquela miúda fazia-me sentir e querer ser melhor!
- Fiz uma peregrinação a Fátima - de sonho!
- Entrava para a minha terceira licenciatura, certo que esta iria acabar!
- Vivia maus momentos no A.T.L., com amigos meus, por causa das suas vidas!

Há 2 anos:- Tinha a Ana comigo em Portugal.
- Estudava que nem um cão.
- Fiz uma fabulosa viagem à Grecia com os mesmos amigos que falo em "dou graças a Deus"- uma viagem que perdurará na minha memória para sempre: a imagem daqueles amigos à contra-luz, uma luz feita ouro na Acropole de Atenas.

Há 1 ano:
- Estava a meio do ultimo semestre na Faculdade, satisfeito, por ter boas notas;
- Estudava imenso todos os dias, sabendo que no final iria contente para o desemprego em história;
- Pensava que este ano iria estar a fazer um mestrado.
- Pensava que ia ficar rico e iria fazer o mestrado de Reabilitação e Reintegração de património histórico para Londres (ao pé da Ana).
- Fechava um ciclo da minha vida: o do crescimento. Vi-me adulto e seguro.

Ontem:
- Fui à Fnac comprar o DVD “os amigos de Alex”, o “Pássaro da Alma” para a Cecília me dar (que sorte) e mais dois livrinhos… um do Ian McEwen, outro da Virgínia Woolf (Londres)
- Dei a Aula de tema, em que pus os miúdos a ouvir a Ária Casta Diva da Norma, e a falarem sobre os sentimentos que a musica lhes fazia ter.
- Não falei com a Ana ao telefone, mas li o Lobo Antunes!

Hoje:
- Vou ter aula de conto e leitura com os meninos do A.T.L. e vou-lhes ler o “Pássaro da Alma”
- Vou tomar conta do António e da Clarinha para o Pedro e Mariana poderem ir ao cinema.
- Vou dar catequese cá no colégio.
- Vou tentar ir à missa. E estar ali um bocadinho com o meu amigo Jesus.
- vou pensar que tenho de agir e fazer mais coisas ainda da minha vida!

Amanhã:
- Vou tomar conta da Teresinha para o Filipe e Ritinha irem ao cinema!.
- Vou dar catequese na Paroquia, ao meu grupo de 3 teenagers que falam de tudo menos do que eu proponho e que estão lá para estar umas com as outras e não para ter realmente catequese.

5 “smiles” na minha vida:
- A Ana
- A minha mãe... sempre ela... – apesar da sua ausência
- A minha família de adopção, que me tomou por seu! E sem os quais não posso viver!
- Os amigos que fui conhecendo (e quase sempre mantendo) ao longo destes 35 anos. Em especial os do A.T.L., sem os quais a vida não teria graça nenhuma
- O M.S.V. em tudo aquilo que comporta, mas sobretudo por me aproximar de Deus, de Fazer comigo caminho com e para Ele.

5 coisas que faria logo se tivesse 1000 euros para gastar:
- Comprava a minha viagem para Nova York, e o resto do dinheiro levava para lá para estoirar.
- Apadrinhava 3 crianças do Projecto Aquarela.
- Levava o dinheiro para Londres para ESTOIRAR.
- Comprava um iPod para mim e um MP3 para a Ana ou vice versa!!!

5 coisas más que não consigo parar de fazer:
- Fumar.
- Não fazer a cama de manhã.
- Fazer dieta à séria, resistindo a chocolates e a Whisky.
- Querer controlar tudo à minha volta. (colégio)
- Ser um comprador compulsivo!!!

3 coisas de que tenho medo:
- De não vir a casar com a Ana
- De não ter filhos
- De não ter uma família (feliz)

3 coisas que agora me apeteciam mesmo:
- estar em casa ser fim de semana, acordar, e saber que a Ana vem estar comigo daqui a hora para tomarmos juntos o pequeno almoço.
- pequenos almoços no Banzão, com a tia Binha em Casa
- Um whisky, contudo a hora não é indicada (são 9.00 a. M.) mas ajuda a pensar.

3 lugares onde quero ir:
- Londres todos os anos, ainda que a Ana não esteja lá
- Nova York (no Verão)
- Índia – um dia destes…

e já agora um plágio de uma amiga minha:
quanto ao resto imaginem... os meus desejos sao iguais às Misses Mundo - Paz na terra, viagens e felicidade.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Mariana, lembra-se da nossa conversa de ontem...

para se curarem desentendimentos há que passar primeiro pela tristeza e pela dor...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Ainda sobre os tempos que vivemos

Ouçamos o seu canto:
“Deusa Pura, que pranteastes estes sagrados e antigos bosques, volvei para nós o vosso semblante... espalhai sobre a Terra um pouco daquela paz que reina no Céu”.
No meio da cerimónia, ouve-se o canto dos guerreiros druidas que apelam pela intercessão da grã-sacerdotisa para que seja aniquilado o exército invasor, ao que ela responde com essas palavras, proféticas palavras:
Roma cairá, não pelo poder das armas dos gauleses, mas corrompida pelos próprios vícios. Enquanto isso, busquemos a paz e procuremos viver sob a sua protecção.”
“Casta Diva – Norma – Belini”

os amigos de alex


Avizinha-se um fim de semana em Sintra em casa do João F. e este filme vai ser a nossa companhia e motivo de conversa. Estou ansioso e ainda hoje é segunda!

Ele há gente tão especial

E dou graças a Deus por isso. Ontem lanchei com uns amigos meus. Não digo nomes prefiro contar aquilo que acontece, quase sempre que nos juntamos: discutimos. Começamos um assunto e passamos para outro e para outro e mais outro. Mas aquilo que importa é a essencia da discussão: ninguém está interessado em fazer valer a sua ideia, ninguém quer ser o centro das atenções, ninguém monopoliza a conversa.
Ouvimo-nos com a atenção, com cuidado, de quem escuta e pensa o que o outro está a dizer. Não há ali o jogo da discussão. As vezes penso que este nosso modo de estar é tão somente uma maneira de nos partilharmos, de nos darmos mais fundo. Nunca é banal, nunca é um lugar comum. É mais uma forma de nos amarmos. Apetece estar, estar e continuar. E saio sempre tão mais eu, tão mais rico. Pena é que não possa ser sempre assim. É que é mesmo tão especial... é unico.

A propósito de um filme


Vai ai estrear Estreou o “Brok Black Mountains”, (acho que não se escreve assim), um filme que aborda a homosexualidade entre dois supostos Cowboys. Anda tudo doido a falar do filme e no Blog da Mafalda (www.brilhonosolhos.blogspot.com) choveram comentários ao texto publicado com uma série – as mais diversas – opiniões.
Não sei muito bem o que pensar sobre isto. Tenho alguns amigos gays, e cada vez mais oiço falar de pessoas que conheço – e algumas que me merecem a maior estima e respeito - que o são e outras que julgo serem. Uma resposta primária seria, “cada um come do que gosta” e ninguém tem nada haver com isso. Pois muito bem, se a pessoa é “minha”, claro que eu tenho haver com isso. Se alguém ao meu lado é marginalizado, ou sofre por isso, claro que me diz respeito, a mim e aos outros.
No outro dia o meu amigo Miguel R. e M., dizia a propósito do trailler do filme em questão, que não se fala de outra coisa, já cansa que por tudo e por nada lá vêm os maricas à baila, que andam com um protagonismo tremendo etc. Bolas! Até o entendo, e tendemos a ver isto com “normalidade”.
Noutra estratósfera, vemos que o lobby gay tem cada vez mais força e se impõe, em muitos quadros da sociedade. Mas isso incomoda-me tanto como qualquer outro lobby, irrita-me pelo facto de alguém conseguir um favor ou uma situação por ser “amiguinho”.
A questão científica – genética – da propensão/escolha da tendencia sexual pouco me importa, não é isso que me faz ver o fenómeno de forma mais ou menos normal. Normal, para mim, é a alguém ser equilibrado, viver feliz, em paz, trabalhar, construir, ser capaz de levar projectos adiante etc. O que não é normal para mim, são pessoas instaveis, indiferentes ao mundo e aos outros. Um gay, que procura aventuras sexuais, é como um tarado heterosexual. Um gay que vai para a cama com alguém em troca de um favor, é exactamente igual a uma puta ou um chulo. Um gay que vive a vida a mudar de parceiro, ou que é infiel, tem o mesmíssimo comportamento do marido que encorna a mulher ou da pessoa que não é capaz de encontrar a felicidade num destino a dois: A moralidade não está na tendencia, está sim no comportamento.
Outro ponto é a igualdade. Uma situação normal, é aquela que é tida por cada sociedade como referencia, padrão, modelo. E como vivemos em sociedade e como a nossa sociedade é esta. A heterosexualidade é, à luz disto, normal e a homosexualidade é anormal, é um desvio. Os homosexuais são diferentes. Aquilo que têm que ser, é respeitados como iguais. Não peço igual tratamento, peço sim, é igual respeito. O casamento de dois homosexuais pela igreja acho um perfeito disparate. À luz civil não me choca, uma vez que se trata apenas e tão somente de um contrato com os inerentes direitos e deveres. Se bem que o instituto juridico da união de facto já os proteja naquilo que é essencial. No que toca à adopção a questão é outra, porque colide com direitos e legitimas espectativas de terceiros: as crianças. Nenhuma está em condições de poder livremente fazer essa escolha. Ela não escolhe, não sabe escolher e não está suficientemente “livre” – no caso de já ser crescida – para o fazer. Dir-me-ão no caso da adopção de pais hetero, também não. Pois é, mas estes são à luz da nossa sociedade uma familia normal enquanto os outros são, uma familia diferente.
Hoje num lanche em casa dos B. R., a Ana R., dizia que é um sinal de decadência da nossa sociedade – fiquei a pensar nisto. Disse ainda como um aporte à discussão, que tal devia-se também, ao papel da mulher na nossa sociedade, que é cada vez maior, mais preponderante e é cada vez mais referencial. E que o fenómeno – homosexualidade – tende a crescer com isso – fiquei também a pensar nisto.
Aquilo que me choca na homosexualidade, não é a escolha, é o espalhafato. Dos quais o Monchique e o Zé Castelo Branco são os esplendores máximos. Mas basta sair à noite para os encontrar. Mas choca-me exactamente do mesmo modo que uma mulher me aparecer de botas pretas, vestida de pele de vaca e com a boca e as unhas pintadas de encarnado.
Finalizando, aquilo que me preocupa não são as escolhas, é o desconforto em que vivem, é o medo da assunção, o modo como são olhados e tratados. Aquilo que me faz pensar nisto tudo é não poderem lamentar a sua sorte, partilhar as suas alegrias, porque não têm coragem ou porque não encontram em nós a compaixão, a cumplicidade de um segredo, a certeza de nos co-alegrarmo-nos. Aquilo que me preocupa é a necessária pobreza em que caem, porque se alheam – e porque nós os alheamos – do são convivio entre todos, que no fundo é aquilo que nos enriquece. Aquilo que me preocupa é o preço demasiado alto que têm de pagar por uma escolha de um bem tão precioso: a possibilidade de amar e ser amado fisica e espiritualmente.
Aquilo que me preocupa é a possibilidade de um filho me entrar em casa a dizer que é gay e de eu não conseguir dizer verdadeira e naturalmente, que o amo e que estou ali para o que der e vier, que eu o hei-de sempre amar seja qual for a sua escolha.