quinta-feira, março 23, 2006

Não achei isso tudo!

Fui ver o filme. Gostei, mas não achei isso tudo. O filme de facto não pára, e dei comigo a bater o pé no chão ao som da musica. Ela, Withwrspoon (?) é fantástica admito, ele ... é bom, O.K., mas... não se destingue naquela representação quando é que ele está ou não está drogado. Tem ao longo do filme sempre o mesmo ar pedrado.
Perdoem-me a ignorancia, mas, este registo de Phoenix é sempre o mesmo em todos os filmes. Canta, O.K.

terça-feira, março 14, 2006

Dia-a-dia

Dá-nos Senhor, a coragem
dos recomeços.
Mesmo nos dias quebrados faz-nos
descobrir limiares límpidos.
Não nos deixes acomodar ao saber
daquilo que foi:
dá-nos largueza de coração para
abraçar aquilo que é.
Afasta-nos do repetido, do juízo mecânico
que banaliza a história,
pois a desventra de qualquer surpresa e esperança.
Torna-nos atónitos como os seres que florescem.
Torna-nos inacabados como quem
precisa e deseja e antecipa um amanhã.
Torna-nos confiantes como os que
se atrevem a olhar tudo, e a si mesmos,
com o encanto e a disponibilidade de uma primeira vez.

José Tolentino de Mendonça

quinta-feira, março 09, 2006

sem palavras...

segunda-feira, março 06, 2006

Palmela

Este domingo tive em Palmela. Palmela para mim não é a Vila de Palmela antiga sede da ordem de Santiago em Portugal.
Palmela é a Casa de Oração de Sta. Rafaela Maria. Foi lá que estive ontem, naquele local – espaço previligiado - de encontro com Deus. Já lá vai para 3 anos pelo menos que não ia lá. Voltei, aquela casa por onde andei durante muitos anos, a fim de me pre-ocupar (começar a ocupar-me com a Quaresma). Foi muito bom!
Palmela é e será sempre um local muito especial, um marco na minha caminhada, um ponto de chegada mas sobretudo um ponto de partida para o mundo e para os outros, carregado do “olhar” de Deus. Palmela foi e é também, um ponto de encontro com muitos que caminham como eu. Sentir-me rebanho, pertença a uma comunidade. Um rebanho que à partida nem sempre se identificava, apesar da roupagem de ovelha, uns com os outros, mas com uma forte ligação aquilo que nos unia (e une), o Pastor que nos guia.
Emocionei-me levado pela memória de todos os que aqui comigo se cruzaram – Grupo de Setubal (Totus Tous), K, MSV.
Palmela, lá, onde tantas vezes senti que era trazido ao colo pelo pastor, lá onde tantas vezes me fizeram festa porque estava perdido e tinham-me encontrado. Obrigado, a todos – escravas, K, MSV, TT – obrigado.
BrokeBack Mountains (BBM)
BBM é bom, é muito bom, chega a tocar o brilhante. E porquê, porque foi lindamente realizado por Ang Lee e melhor intrepretado por Heath Ledger e Jack Gyllenhaal. Tornaram real e verdadeiro o drama do mundo gay. Vale a pena, não porque conta uma história de amor entre dois gays, mas porque conta uma história de dois homens gay, notavelmente, ao ponto de nos tocar.
É verdadeira na dor, na angústia, na presistencia de uma inadaptação ao mundo; é verdadeira, no medo de ser olhado e descoberto. Não aveludemos o filme dizendo que ele é uma história de amor, é tudo menos isso, é dor, verdadeira tragédia, é a história triste de uma relação inquinada desde o início, e portanto com um fim igualmente triste. É verdadeiro nos conflitos interiores, nos impulsos sexuais reprimidos, na vivência de uma mentira que tudo mata e tudo destroi.
Ang Lee consegue-nos dar a imagem de dois homens, aparentemente verdadeiros machos, envolvidos numa relação Gay. Não é tanto o drama social da exclusão e diferença que ali acontece, é antes o drama de dois homens que são gays mas pretendem não o ser.
É admiravel o recurso, à paisagem, aos grandes planos de céu, de montanha, rios rebanhos, pastos, enfim à natureza para os levar a crer, a eles personagens e a nós, que aquele amor é natural. Aí na floresta eles encontram a sua sobrevivencia (amorosa) longe do mundo que os condena e coarta, sobrevivencia que é expressa até na caçada ao alce. Assim como os planos de interior – passados em casa, a sua vida de casados – nos levam a crer na infelicidade, no conflito com eles proprios com a destruição e a não vida. É verdadeiro no drama interior latente, anterior até à história do filme, de uma educação anti-gay e que resulta num total desapontamento com eles proprios despoltado porque eles se encontram, e até somos levados a crer que tal não aconteceria se aquele primeiro encontro não se tivesse dado. Este factor social/educacional é tão forte que percebemo-los desapetrechados, deles próprios e da sua condição.
É bom porque é tão forte, o filme, emocionalmente. É muito bom, porque tudo é ao mesmo tempo bastante concreto e no entanto indefinido e isto passa pelas construção das personagens e do seu conteudo psicologico, não é claro que eles se apaixonam porque são gays ou se eles se tornam gays porque se apaixonam. E nisto reside em parte a beleza do filme. A novidade do filme, o que dá sentido é ser uma história homosexual, longe do estereótipo que temos do mundo gay, do seu look e modo de vida.
BBM é uma história de infidelidade, as personagens são infieis à sua propria condição homosexual, infeis às mulheres – familia – infieis até um ao outro, em que o Jack procura satisfazer a ausencia (fisica) do Ennis recorrendo à prostituição no méxico. É uma história da solidão e do vazio que se vai instalando, quer pelo espaçamento dos encontros entre eles, quer pela morte do Jack (espacado pela sua diferença sexual), já antes prevista pela cena em que o pai de Ennis – num flashback – mostra aos filhos um homem torturado por ser gay. Vazio este que culmina com a total não-vida de Ennis.
É uma história de não-aceitação e de tormento por precisamente ser aquilo que é, homosexual.
É dilacerante ver o Ennis – o pobre Ennis que nunca soube bem o que era aquilo que lhe estava a acontecer, que nunca soube lidar com os seus sentimentos e impulsos, sempre a fugir à possibilidade de uma vida a dois que o Jack lhe propunha, sempre a fugir à possibilidade de uma felicidade, a odiar-se e a desgostar-se profundamente – segurar o casaco do Jack que “abraça” dentro si a sua camisa, aquela que ele julgava ter perdido no fim do verão de Brook Back Moutains, suja de sangue sinal de uma pureza perdida.
O filme passado no início da decada de 70, é actual porque o drama, ainda é o mesmo. E não falo do drama dos gays assumidos que começam a viver uma vida mais ou menos normal porque são mais ou menos aceites. Falo do drama dos que pretedem não o ser para o mundo, do facto de continuarem a haver homens casados homosexuais, com vidas duplas, que recorrem à prostituição (Parque Eduardo VII).
O que é verdadeiro, muito bem representado no filme, e que choca não é a homosexualidade, mas justamente a destruição que vem da vivencia de uma mentira de dois homens que sendo homosexuais pretendem não ser gays. É inevitavelmente duro.
Fica-se a pensar e um filme que nos faz pensar é sempre um bom filme.

quinta-feira, março 02, 2006

o preço da arte

O que é a arte? qual o seu valor ? porque é que um Ticiano vale menos, hoje em dia, do que muitos pintores contemporaneos ? é uma questão de moda sem duvida, é uma questão do que estamos dispostos a pagar para ter uma obra de Arte.
Estive na Tate Modern. Adquiri uma obra de arte. É um quadro de uma menina vestida de azul e branco, a conversar feliz com alguém que não conhece. O grupo está no café-restaurante do último andar da mesma Tate, de costas virado para uma londres escura - azul escura - ponteada de pequenas-muitas luzes.
O valor desta obra de arte, é que este quadro é só meu, não está a venda, não se pode comprar, não há dinheiro que o pague. Nunca ninguém o vai ver e qualquer descrição que faça dele será sempre uma pálida sombra da sua beleza, da magia do momento. Porque a luz daquele quadro está na alegria daquele rosto, e no olhar que o capta.
O valor dele é feito da dor da ausencia, por vezes materializado em pequenas lágrimas que me rolam pela cara. Valorizado pelos encontros, amortizado continuamente pela felicidade que tenho em vê-la - à menina do quadro.
É um paradoxo este, o valor da arte, pobre, sou no entanto proprietário de um tesouro artistico unico.
obviamente, e por razões de segurança, este post segue sem imagem.

basta clicar

Ele há gente que não percebe nada disto... eu sou um deles.
Já podem - os anonimos, os que não têm blog etc e tal - deixar comentários na minha página. era só uma questão de activar um botão. já cliquei nele.