terça-feira, outubro 10, 2006

Volver


Não é um texto sobre o último almodovar.
É um apelo interno.
Voltar à exemplaridade de vida.
Quer o desejemos ou não, a nossa vida e os actos levados a cabo, consciente ou inconscientemente, por nós, têm um impacto na vida dos outros. A velha imagem da pedra que caí no charco e provoca uma série de ondas que chegam às margens. Daí a enorme responsabilidade que temos. Os nossos pais foram educados para serem um exemplo. E foram-no, até alguns foram um mau exemplo e portanto não os seguimos.
O que acontece hoje é que somos educados – mais pela sociedade menos pelos que nos estão próximos - a sermos nós próprios. Desligados do mundo e dos outros e do papel – repito - que queiramos quer não, podemos ter na sociedade.
Os livros da Jane Austen – que confesso adoro - estão cheios de personagens bons e maus. No nosso mundo deixou de haver maus, há opções, há caminhos, há sei lá o quê, que o mergulho que demos no charco da tolerância, nos impede de arrumar em categorias.
Se ontem se vivia entre o desejo de se ser dono de uma vida exemplar e de não o ser. Pairava sobre o homem o estigma da “Condenação” (moral, religiosa, social, familiar etc.). Hoje penso que o homem já cresceu e já se humanizou em relação aos demais, hoje, já não condenamos, pelo contrário reconhecemos fragilidades, inclusive valorizamos a fragilidade do outro como um passo para a fortaleza. Acho que humanamente estamos mais apetrechados. E por isto acho que agora sim devíamos voltar a tentar ser um exemplo. Sob o risco de encerrarmos virtudes que podem ser um exemplo para os outros, sob o risco de a fragilidade reconhecida não ser um motor de arranque. Enfim sob a pena de deixarmos de ter “haver” com outros.