terça-feira, fevereiro 14, 2006

lições de italiano, uma lição de cinema


Italiano para principiantes, é dirigido por uma mulher e dinamarquesa.O filme foi bem sucedido, tendo merecido aplausos em diversos países, esteve no limite de receber o Óscar para o melhor filme estrangeiro.
Com a câmara ao ombro, a rede dos cruzamentos entre as diversas personagens é narrada. Uma comunidade pequena, numa cidade. É aqui um novo Pastor chega. Este será o factor aglutinante, e as classes do italiano o espaço ideal para o encontro daqueles seres solitários, duvidosos, que carregam cada um com seu problema: mortes recentes, pais abusadores, droga, impotência sexual, solidão, abandono, falta da fé. Tudo é posto ao serviço da realizadora para mostrar a miséria dos homens, o repulsivo das situações, dos habitos solitários, da ternura e do amor. O filme é um trabalho delicado que mostra com humor elaborado as relações difíceis entre pais e filhos, entre os homens e as mulheres unidos pelas classes do italiano, que contribui para os “soltar”, tornando-se num passaporte para o passional. E essa paixão vai-se subtilmente incorporando suas vidas. As classes são o lugar da experimentação e da aprendizagem de suas necessidades e possibilidades.
Não é ligeiro nem pretende ser uma comédia transcendente. O amor, a morte assentam numa certa melancolia, determinam uma historia em que todos as personagens se transformam, em que até o mais desagradável torna-se apreciável.
Filmado a uma extensão grande com planos médios, a câmara móvel, com o retrato típico posto um tanto fora do centro, a narrativa explora a privacidade dos personagens.
A realizadora passa um exame dificil, tira a melhor vantagem dos poucos recursos económicos, com pouco cenário, com poucos actores - excelentes - numa narrativa que é um compromisso entre a tristeza e a felicidade.