quarta-feira, janeiro 25, 2006

porque não o cavaco


Os vencedores reagiram, reagiram comentando o texto Eleições. Uma defesa Cavaquista, para eles há o respeito por uma carreira feita, do homem que conseguiu chegar onde chegou. Há o conhecimento das pastas. O homem parece estar por tudo mais preparado para o cargo. Criticam o tom maldoso com que – e foi intencional – falei da falta de nível do Prof. Cavaco Silva. Que o Manuel vive no irrealismo num mundo protegido etc.

Não queria levantar tanta celeuma!
E não querendo continuar o debate em torno de uma figura que eu não escolhi -EU NÃO VOTEI ALEGRE!!! – não resisto a umas palavras.

Não votei em nenhum, porque nenhum deles reúne as condições que me satisfazem para um chefe de estado! E de facto entre o Cavaco e o Alegre, este bate aquele naquilo que julgo essencial.

Estas eleições, são para o Presidente da Republica não para o governo. Aquilo, alguns pedem para um Presidente é que ele saiba de matérias que eu peço que o primeiro Ministro as saiba. No fundo pensam que ele poderá “Governar” e por ordem no pais, porque o governo pertence a uma força contraria. Ou seja “compensar” o – mau - governo Sócrates.

Um presidente não governa. Um Presidente preside. Um presidente pouco decide e convém mesmo que o não faça – para dar as asneiras do Sampaio. Aquilo que eu peço de um Presidente é que saiba olhar o mundo, que saiba recolher sensibilidades, que tenha trato para lidar com todos. Que justamente infira para lá dos números a realidade. Que tenha um conhecimento da sua história, do seu povo, que o “ame” profundamente. Alguém aberto, que pense e reflicta.

Todos nós sabemos que o PR tem por de trás de si um staff que o auxilia nas matérias todas, que lhes escreve os discursos, etc. Mas não o ensina a ter a sensibilidade necessária a cada momento, pode-lhe abrir os olhos mas não lhe muda o olhar!!!

Quando falam que ele esteve no exílio, enquanto o outro estava cá. Respondo-te com o Eça, que esteve fora enquanto os ministros cá trabalhavam. Leiam as suas farpas e correspondência. E ele que estava fora, conseguia ver melhor o seu país, e tinha por conseguinte um conhecimento melhor do seu país. Enquanto os ministros no pais faziam m….

Votam Cavaco porque ele já te deu provas, eu votaria Alegre porque essa sim seria uma para mim aposta...

Eu não peço ao Cavaco que me fale dos livros que leu, nem de peças de teatro que assistiu, tenho pena sim, que, justamente, não leia, não vá ao teatro e ao cinema, porque isso é sinal que estamos abertos. Que queremos “beber” e temos sede.

E quanto ao deficit etc e tal, Não esperaria que o Alegre o solucionasse porque não é essa a função dele. Quero sim alguém que consiga reunir em si consensos na procura de soluções.

A propósito já leram Alegre. Leiam "a trova do vento que passa"

«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que temquem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novos
e notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

Acho que irrealismo e superficialidade não são características do Manuel Alegre, acho que talvez veja MAIS E MAIS LONGE, e dai talvez não se ater com a profundidade que pedem. Não é um tecnocrata!

Ter Nível, concordo, é muito mais do que vestir bem e falar francês, e de facto para mim é mesmo muito mais do que isso. Alguém com nível está com todos, perdoa, ouve, escuta, reconhece os erros e melhora, cede, propõe o que acha melhor e não se impõe com arrogância e a soberba de quem se julga o dono da verdade.

E sinceramente, Não concordo nada com essas histórias de estar protegido e não conhecer o mundo.

Via o alegre a andar pelo país e a estar com o povo que o elegeu. Não encontro essa elasticidade no cavaco que para mim, vejo sempre o desconforto que sente quando se tem de “aproximar”.

Ainda a questão do nível: Eu não o respeito, por ele ser filho de um gasolineiro, os meus pais também não têm cursos superiores. Respeito até muito o seu percurso. Aquilo que não respeito é ele ter chegado onde chegou sem que nada tenha mudado. E isso reflecte em parte a soberba dele, a sua falta de humildade, a arrogância. A sua pequenez. De nada lhe vale ter o percurso académico se isso o encerra. Acho-o francamente limitado.

Aquilo que eu não acredito - no Cavaco - é no interior do homem. Percebem. Acho-o autista completamente encerrado na sua própria maneira de ver o mundo.

Bem, fico-me por aqui.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

eleições

Hoje (22 de Janeiro) escolhe-se aquele que será o nosso presidente da républica nos proximos 4 anos. E é esse que teremos em Belém, a representar o nosso país, sem que represente todos os portugueses, ou seja, sem que todos os portugueses nele se sintam representados. Com as inevitaveis bolsas de falta de representatividade.
Lá fora, na rua, as minhas vizinhas da Madragoa, entre “cala-te sua mijona”, e “minha porca”, vão dando o seu sentido de voto. “eu cá entrei alegre e sai alegre”, votei no Cavaco, estava para votar no “Laussane” mas votei no alegre.
Estas são as eleições presidenciais mais vazias de partidarismo que já assiti. Vejo gente de todos os espectros politicos a votarem no lado oposto da sua “côr” politica. Aquilo que antevejo, aqui, é um alheamento do mundo partidário, no qual o comum cidadão já não confia. Os partidos politicos perdem credibilidade o que leva a que a chamada disciplina partidária se vá perdendo.
Vejo uma esquerda a multiplicar-se, e o bi-partidarismo que se avizinhava nos finais de 80, principios de 90 a ficar cada vez mais distante. Uma esquerda que vai perdendo a sua força.
Fui votar: em Branco. Por disciplina partidária para comigo mesmo, que não me revejo na instituição Presidente da Republica – sou monarquico, por fé, e historicamente os quase 100 anos de regime republicano ainda não me convenceram contra os quase 800 anos em que vi um rei à frente do seu povo.
Se assim não fosse qual teria sido a minha escolha? Sem margem de duvida votaria no Alegre. E votaria nele pelo respeito que ele me merece, coisa que não acontece com mais nenhum dos candidatos. Tirando de fora o Lousã, o decrepito dr. Soares, o Garcia sindicalista, e simples do Jerónimo de Sousa, restava-me o Prof. Silva e o poeta Alegre.
Votaria nele, porque foi o candidato que me pareceu dar o passo num verdadeiro sentido de dever,o prof. Cavaco não tem essa humildade e fidelidade, está lá por si.
Votaria nele – Alegre – pelo seu verdadeiro serviço. O Prof. Cavaco irá pagar com serviço ao pais- não nego - o seu ego.
Votaria Manuel Alegre porque ele tem todas as hipoteses de se perder, e o Dr. Cavaco apenas concorreu com todas as hipoteses de ganhar.
Votaria em Manuel Alegre porque sei que ele perde e volta para o partido e vai continuar a servir o pais e os seus ideais. O Prof. Cavaco na quimerica hipotese de perder, voltaria para o seu pequeno mundo, onde tem estado nos ultimos anos.
O Prof. Cavaco escusou-se às ideias, escusou-se a ouvir. O Prof. Cavaco impõe-se. Fez uma campanha vazia, cheia da sua pessoa e parece que isso lhe basta.
A sua entrevista na RTP, em sua casa, ou seja fora dela, porque nem nos dá a conhecer o seu interior, foi miseravel, era de “malucos do riso”, pareceu-me um programa de humor mau, a que cada momento julguei que ia aparecer a Marina Mota. Vi um homem sem mundo, que não lê, que não vai ao cinema, nem ao teatro. Vi um homem que não dá hipoteses a que o mundo lhe toque. Está longe de tudo, longe da pobreza, da riqueza também, longe da cultura, longe das gentes. Vi um homem que não se dá a si próprio o tempo e o espaço para a mudança, para se pensar, para evoluir. Vi o mesmo cavaco de sempre a esforçar-se imenso, com fracos resultados, para ser mais simpático.
E por fim, Manuel Alegre, tem nivel. E quer queiramos quer não, o cargo merece ter gente com nivel. Tem uma mulher com nivel, tem uma familia com nivel. O Prof. Cavaco, continua a ser um saloio, continua a vestir-se mal – aquele casaco/fato (nem me lembro) de veludo coteleé azul do dia da entrevista diz tudo – como um bancário de filial da Almirante Reis. Já não come de boca berta ou usa meia branca, mas janta na cozinha. A sua “esposa” continua a ser a sua esposa, aquela figura... Ambos permanecem altivos e arrogantes na sua terrível saloice e pequenez.
E eu que sou de direita, nem por um contrapoder ao P.S do nosso primeiro-ministro-de-brincar, votaria nele.
São 17.25 e dentro de duas horas a vitória do Dr. Cavaco é certa. Temos o que merecemos!
Dizem que ele é o melhor que temos, o que mais inspira confiança, Deus queira.
O pior é que as desgraças são como as cerejas, vêm sempre aos pares. Como é habitual, neste nosso povo, onde a memória é curta, a responsabilidade de punir é nula, a preguiça uma realidade e o mais vale com estamos do que arriscar... o Prof. Cavaco vai ganhar mais um mandato em 2010 e vamos tê-lo até 2014. É preciso ter azar.

Ontem ao telefone com a Ana, dada a sua pena por não votar, ainda tentei dar-lhe o meu voto, se ela quisesse votar no Alegre. Ela não quis. E o meu medo não é que ela quisesse votar no “laussane” – lembra-me sempre um ex-seminarista ressabiado que sofreu nas mãos de colegas mais velhos ou a quem o pe. Director extorquia confissões – o meu medo é que ela quisesse votar no Cavaco.