quarta-feira, julho 13, 2005

Verão

verão é praia, crianças e coisas surpreendentes.
hoje na praia estava a observar as minhas crianças, que apanhavam conchas quando vejo uma delas com um "balão de água" côr-de-rosa. advertido já que por outros monitores que havia imensas camisinhas na água. corri para a criança enojado e disse:
- deite já isso fora,
- ó Paulo, mas é um balão de água
- trouxe-o de casa? não? então não é seu, deite-o fora.
o miudo muito contrafeito deitou-o fora. ainda perguntei:
- não soprou pois não?. felizmente não o tinha feito.

outra menina.
- ó paulo porque é que há imensos balões de água?
- ó filha deve ter havido uma "festa" ontem aqui na praia...

já no fim do dia, apanhei boleia com uma das mães, conversa no carro.
- então luisinha tomou muitos banhos.
- eu não, só de balde
- porque filha?
- estava tudo cheio de "apiritivos"
- apiritivos?
- sim mãe aquelas coisas de plastico que os homens usam para não terem filhos. (gargalhada geral, caiam-me as lagrimas de riso)
- ó luisinha quem é que lhe ensinou isso
- os meus amigos. ó mãe como é que os homens usam aquilo? ...
- a mãe depois explica-lhe!
-ó mãe diga...
- pare com a conversa. a mãe depois explica-lhe em casa...

parece anedota, mas é verdade. conclusão: ele há inocencia, mas gente muito porca também.

terça-feira, julho 12, 2005

Os bebés

Ontem passei o fim de tarde com as sobrinhas da Ana, a Carminho e a Mariana e o António, o mais novo – de um mês – tive-o ao colo, muito pequenino ali agarradinho contra o meu peito. Enquanto o segurei, as irmãs mais velhas (3 e 4/5) anos estiveram no chão a brincar, entretidas com os brinquedos da Loja dos 300 que eu levei. Quando o António foi para o berço foi a vez delas, brincamos às escolas. O pai que é médico tinha saído de “um Banco”, adormeceu perante o olhar indiferente da prof.ª - a Carminho. Fomos para a sala e até a mãe chegar tive as duas ao meu lado no sofá coladas a mim, fazendo-me festinhas e “cuidando” de mim, como se fosse eu o bebé, enquanto víamos a “Cinderela II”. A hora do jantar chegou: jantamos na casa de jantar. Depois fomos todos em família para o quarto e diante de uma nossa senhora de madeira e uma velas fizemos a oração da noite. As duas escolheram o meu colo para o momento. E surpreendentemente, ouvi-as agradecer aquele dia - diziam elas: “quero agradecer este dia especial, porque o tio veio estar connosco”. Pediram pela Ana, pelo mano, pelos pais, pelas profªs., pelo Vicente – um amigo que fazia anos. Pediram pelos bisavós de quem tinham saudades, etc. Quando chegou a nossa vez, limitamo-nos a repetir, porque tudo de importante já tinha sido dito por elas.

Hoje nasceu a Terezinha filha dos meus afilhados Filipe e Ritinha. Ouvi a felicidade na sua voz. Uma felicidade cansada de um parto longo, encantado pelo milagre da beleza da paternidade. Ela, é diz ele – e eu acredito – é o bebé mais bonito do mundo.

Vivo rodeado de gente boa, e estou em crer que os meus amigos são as melhores pessoas do mundo. Conforta-me imenso ver estes bebés todos a nascer, em famílias tão especiais. Vêm cheios de vida e enchem-me de esperança num mundo francamente melhor!

Aos pais, a todos os pais meus amigos – que olho com inveja – muito obrigado. A ti Filipe, aquele abraço.

segunda-feira, julho 11, 2005

O porquê deste Blog ou tentativa II

perguntaram-me porquê?
...
esqueci-me confesso, não achei que tivesse de haver uma razão, ou seja, achei que não havia que dar uma razão

aqui vai. este Blog é meu, é para a aninhas, e para aqueles que são meus.
é um local para a escrita, um lugar para guardar aquilo que vou pensando. é que todos nós pensamos muitas coisas, e mais espantoso ainda é não haver lugar nos nossos tempos, nos nossos dias e relações para as dizermos. é que por vezes, de tão importantes, parecem estupidas perante a banalidade. é "da espuma dos dias". acho que sou eu a não querer adormecer...

comecei com um texto - que por pudor não chamo poesia - que escrevi quando foi surpreendido pela morte da Marguerite Duras, pela ausencia de mais escrita sua. Duras, a minha primeira fonte de inspiração, a companheira do tempo mais triste da minha vida, o da transição da adolescencia para a idade adulta - onde por fim, acredito começar tranquilamente a entrar.

domingo, julho 10, 2005

marguerite

numa praia que me é distante
desfazem-se os sonhos
em branco espuma
e assim admito que me magoa
a ausencia tua

há um tempo que pertence ao mar
definitavamente lhe pertence
livros que as paredes não esquecem.

há sempre a dor
e o verbo amar
e a dor que vem, verbo criador
da dor de desejar

há a praia e o mar cinzento
o menino e o homem
o grito das gaivotas carregadas de lamento
e Saigão nunca é esquecido
nesse imenso choro alcoolizado

canto-te de mansinho uma canção
que te leve de volta ao delta do Mekong

adormece amor que a noite é morna
e há luar espelhado nos arrozais

tentativa I

ele há dias assim, que de nada feitos, se assemelham à morte.
acordei agora.
esta é uma tentativa...
que espero que valha a pena